maio 06, 2007

Le Mur 3


imagem: intervenção de Bruno Melo


Viva a peste do velho oeste do setor oeste, onde o sol se põe e tem quem conteste!
O muro separa, divide e delimita. Já disse isso antes, acho.
Já o muro pós-moderno é subversivo, ele se apresenta menos um muro e mais uma passarela de ligação. Esta passarela é a panela de pressão da pós-modernidade, é o tubo de ensaio das diferenças culturais e ideológicas, é o “caviar com banana”, famoso restaurante francês comandado por chief brasileiro localizado no bairro chinês de Nova Iorque. Que maravilha heim! A pós-modernidade é o encontro das culturas e cultos ideológicos. É a democratização do conhecimento. É a antropofagia correta e necessária do outro em sua total diferença. Que ótimo seria se fosse possível. Que ótimo seria se o “Rei Nu” não fosse somente um “déjà vu”. Que grande ilusão!
Que ótimo seria se todos fossem livres e realmente pudessem analisar fatos desprendidos de valores culturais enraizados e fundamentalmente preconceituosos. Para que existe a especialização se não for exatamente para você poder driblar os equívocos da interpretação superficial. Para que existe o especialista se não for para contribuir para uma natural seleção do que se pode perder tempo ou não.
Por favor amigos pós-modernos me fartem de brioches mas me poupem da pasta regurgitada dessa salada sem critério.
Viva aos franceses! Os donos da patente revolucionária burguesa. Viva a burguesia como estado de espírito da massa esclarecida e especializada.
Que o Muro se faça valer como debate cultural caloroso. Onde todos possam apresentar suas versões específicas de suas próprias dúvidas. Se o sentido da vida é o outro, primeiro precisamos nos preocupar com o indivíduo. Por que dissolvendo o indivíduo também estaremos dissolvendo o outro.
Viva o Le Mur que está chegando a seu terceiro número utilizando como suporte o vilão proposto pela ultra-modernidade. O divisor, o separatista, o elitista e careta muro. Viva aos jovens artistas que apresentam suas verdades sem cair no discurso hipócrita do politicamente correto. Viva a dúvida perante a dúvida. E viva a estrutura e o conhecimento ocidental que desde Sócrates e Platão até Le Corbusier e Einsten vêm nos deixando um legado o qual não fez o homem somente questionar sua própria existência mas despertar a dúvida para questionar a alteridade deste próprio legado.

Armando Coelho